O time da consumerização ganhou mais um jogador: as ofertas de armazenamento em nuvem para usuários finais; quais rumos serão dados para os meios como as informações são armazenadas nos dias de hoje?
Por Renato Galisteu |
CRN - IT Web
Mal chegamos a um acordo – se é que chegamos – sobre o “Bring Your Own Device” (Traga o seu próprio dispositivo, na tradução literal) e já vivemos um novo momento único e igualmente complexo dentro do mundo da TI: o Bring Your Own Cloud, ou Traga Sua Própria Nuvem.
Ou seja, o time da consumerização ganhou mais um jogador, que não se trata da evolução do hardware para melhor performance do usuário, mas sim como ele converge sua vida pessoal em detrimento de ambientes corporativos. Ao invés de falarmos agora especificamente de smartphones, tablets e notebooks, o mote são soluções como Dropbox, iCloud, Box, SkyDrive, Evernote e, mais recentemente, o Google Drive. Claro, há vários outros.
A despeito de questões como a disponibilização de mais banda larga para que os funcionários acessem seus storages e as políticas para isto, o ponto é: quais rumos serão dados para os meios como as informações são armazenadas nos dias de hoje?
“Se a companhia não está na nuvem, essas dezenas de ofertas de armazenamento em cloud para usuário final de alguma forma chegam às empresas. Sabemos dos inúmeros benefícios que esses sistemas trazem para as pessoas, pois a informação está onde a internet chega”, afirma Flavio Xandó, colaborador do Fórum PCs, da IT Mídia.
Como usuário inveterado de tecnologia, Xandó afirma que incentiva as empresas a migrarem seus backups para a nuvem, mas que não necessariamente tenham a cloud computing como hub de seus arquivos e documentos. “Para o usuário final, é sempre mais simples migrar para a nuvem e eles sabem que não é por isso que tudo deve estar apenas lá, e aqui falamos de saber fazer um modelo hídrido que pode ser, em outra escala, pensado para as empresas”, pontua.
Fato é que essas oportunidades para usuários finais são atrativos gigantescos. Hoje, Dropbox oferece, gratuitamente, 2GB de armazenamento; Box, iCloud e Google Drive dão 5GB e o SkyDrive libera 25GB.
A pergunta de um milhão de reais: a nuvem pessoal é um estímulo à adoção de cloud computing dentro das corporações ou um problema a mais para a gestão da TI? “De forma extremamente pessoal, todo e qualquer mecanismo que ajude a preservar informações e que dá flexibilidade ao processo deve ser estimulado. A nuvem pessoal é uma alternativa que pode ser abrangente a toda a empresa”, explica Xandó. “Tudo se trata da estratégia, mas, principalmente, da forma como a companhia olha a tecnologia em seu negócio”.
Tendência
Bruno Arrial, da Frost & Sullivan, olha um pouco adiante a questão de armazenamento em nuvem. O consultor propõe um cenário de compra ou cliente global de soluções, ou seja: se você usa o SkyDrive, compra um smartphone com Windows Mobile Phone; se usa o Gmail, Google Drive, adquire um device Android; tudo isso com a expectativa de que os sistemas se integrem e que sejam dadas vantagens ao usuário que for um “cliente” de tal fabricante.
Esse cenário, segundo Arrial, já é visto no cenário dos smartphones e tablets da Apple, onde o iCloud dá acesso e uso exclusivo para os proprietários de tais devices, tendência que facilmente pode ser adotada pelos outros players do mercado e que já é observada como forte pelo consultor.
“Soluções para armazenamento em nuvem estão virando commodities, então vamos esbarrar numa questão que é a principal nestes pontos: os diferenciais de serviços. Em tese, a tecnologia é a mesma, mas o valor agregado de cada uma delas é o chamariz de novos usuários”, afirmou Arrial. “Por isso, reafirmo que os usuários podem ser direcionados para se manter dentro de um fabricante”.
Para o consultor, existe uma febre no mercado que trata exatamente todas as novidades tecnológicas como “o fim de um algo” e que, por mais que as soluções na nuvem tenham comprovadamente inúmeras facilidades quanto a disponibilidade e acessibilidade, pen drives e HDs externos vão coexistir dentro deste imenso panorama “nublado”.
Pensando em questões de armazenamento, vários são os sistemas por onde a internet corre. O YouTube armazena vídeos; o Flickr, fotos; o Google Docs, documentos… É uma evolução natural que, de agora para frente, se expande em suas possibilidades de utilização.
“A forma como as pessoas pensam em storage mudou. Não se trata de não usar mais o pen drive, mas sim no que ele seria o ideal para uso. Eu uso nuvem, mas nunca abandonei meu backup no HD externo”, conta Arrial.
Com tudo isso, a proposta é que as empresas estejam mais atentas à sua infraestrutura interna e que cada vez mais adotem a filosofia de que a inovação está onde é permitido que o usuário esteja, seja ele final ou corporativo, e essa realidade é o que dirige a consumerização e dá cara e corpo à nuvem pessoal dentro dos ambientes corporativos.
Link:
http://crn.itweb.com.br/36356/bring-your-own-cloud/