Estou seguro de que um dos maiores desafios do empresariado brasileiro atualmente, principalmente o da pequena ou média empresa, é aliar a intuição empreendedora tão presente e necessária ao longo dos anos com um raciocínio mais estruturado, baseado em métodos e processos. Ao longo dos anos, devido ao contexto histórico de alta instabilidade no país, foi impossível desenvolver métodos mais racionais, pois de uma hora para outra as regras do jogo mudavam totalmente. Dessa forma, cunhou-se no ambiente empresarial brasileiro a cultura do imprevisto fortemente baseada na intuição.
Com um cenário ainda instável, porém, com uma normalidade maior, as condições para conquistar uma maior sustentabilidade para o crescimento das organizações requer a mudança desse modelo mental. Sem perder as vantagens da adoção da intuição é necessário implementar uma orientação mais racional voltada para o desenvolvimento de métricas e processos para gerir informações valiosas para apoio ao processo de tomada de decisões.
Um de meus autores de gestão predileto, Henry Mintzberg, preconiza que o processo de formulação e execução estratégica bem sucedida na atualidade pressupõe uma visão que alia arte com ciência.
A arte representa a intuição e garante a flexibilidade necessária a um ambiente onde a mudança é uma constante. Esse raciocínio, porém, levado ao extremo gera pouco controle e dificuldade na análise de padrões, prejudicando a escalabilidade do processo estratégico.
A ciência representa a adoção de uma visão analítica, estruturada, baseada em processos claros e uma metodologia transparente a todos na organização. Da mesma forma, essa orientação levada ao extremo gera uma organização pouco flexível, fechada, sem condições de reagir às mudanças do ambiente com a agilidade necessária.
No final do dia o exercício de gestão é, antes de tudo, um processo de aprendizado que deve aliar razão e intuição para adaptar-se constantemente às mutações do ambiente de forma bem sucedida. Sem o acesso a informações estruturadas, esse processo fica caótico. Sem flexibilidade, previsível. Como tudo na vida, a solução está no equilíbrio.